Não querem responder a perguntas? Aqui estão umas dicas

Quem? Cavaco Silva, Presidente da República

Quando? 28 de Setembro de 2001, 20h45

Onde? Na TVI, em entrevista a Judite de Sousa

Porquê? A propósito da situação económica do país e dos sacrifícios pedidos aos portugueses.

 

1. “O Presidente da República não tinha mais a acrescentar.”

2. “O Presidente da República nunca deve fazer comentários.”

3. “O Presidente da República deve utilizar ponderação no uso das palavras.”

4. “Não cabe ao Presidente da República tecer comentários sobre essa matéria.”

 

Curiosidade: Já repararam que o Presidente da República se refere a ele próprio na 3ª pessoa? LOL!!!

 

Boca fechada

100 dias de Governo

Aumento de impostos, extinção de postos de trabalho na Administração Pública, criação de uma Taxa de Solidariedade, aumento do preço dos transportes, da luz, do gás e da água (possivelmente), desemprego, criação de taxas extraordinárias, tentativa de agilização dos despedimentos, cortes nos subsídios de desemprego e afins.

E, de acordo com o ministro das Finanças, o pior ainda está para vir. Quero ver isso…

 

Impostos

Ora bolas para isto tudo!

Estou tão cansada, mas tão cansada de responder a anúncios, mandar currículos, enviar candidaturas espontâneas que caem em saco roto, fazer cartas de apresentação, atrás de cartas de apresentação, manifestos e de explicar, de 1001 maneiras diferentes, quais são as minhas motivações para o trabalho X, Y e Z!

Sinto-me ridícula, frustrada e sozinha!!!

Mas o que mais me entristece, é não receber qualquer resposta. Faz-me sentir pequenina e insignificante. Parece que estou a contactar com o “nada”, literalmente a falar para a parede!

Os senhores e as senhoras que recebem os nossos e-mails, cartas e o diabo a 4, podiam, pelo menos, ter um bocadinho pequenino de consideração por nós, desempregados com muita, mas muita vontade de trabalhar, e dar-nos um qualquer sinal de vida.

Sei lá, um “obrigado”, um “não estamos a contratar”, em “desculpe lá, mas o seu CV não presta para nada”,… Qualquer coisa, bolas!

Já é suficientemente triste não existir no mercado de trabalho. Já é suficientemente degradante depender dos pais. Já é suficientemente doloroso pensar que sou inútil e não sirvo para nada!

Estudei 17 anos seguidinhos, fiz formações e cursos. Agora, vou aventurar-me num Mestrado. Aposto na minha formação, tive a maior escola de todas na Agência onde trabalhei 3 anos, e não paro!

Não estagnei, não me deixei abater e não desisti… até agora. Estou a perder a esperança e já nada me parece tão certo como há uns meses atrás.

É certo que fui eu que me despedi (estava em causa a minha sanidade mental, que escolhi manter), mas isso quer dizer que não tenho direito a um novo emprego? A um trabalho?

Bolas, se soubessem a vontade que tenho de trabalhar, já me tinham vindo buscar a casa!

Desemprego

PS – É melhor esclarecer que não sou melhor do que ninguém só por ter estudado até à morte. Não sou melhor do que ninguém, ponto final. Mas sei o que valho, tenho perfeita noção das minhas capacidades e orgulho-me bastante do meu currículo. O muito que fiz, já ninguém me tira!

A falta de tempo é um problema só meu?

Não, respondem todos em coro! 

Pois bem, o meu caso é diferente. Devia ter todo o tempo do mundo porque estou desempregada. Isto seria o lógico, certo? 

Errado. Entre fazer mini-tarefas domésticas, ir ao supermercado, dar atenção à família e ao cão, ir e vir três vezes por semana a Lisboa e enviar currículos, currículos e mais currículos, não me sobra tempo para nada. 

Este sentimento também deve estar relacionado com o stress que é não me sentir minimamente útil, a nível profissional. Acho que já nem sei como se trabalha!!! E isto é triste… 

Já respondi a imensos anúncios para empregos fora da minha área mas, como o mercado está mau para todas, nem resposta me dão. Ah, e aquela alínea “Experiência anterior em funções similares (factor eliminatório)”, não ajuda nada e estraga tudo! 

Mas pronto, como diz a minha mãe e 90% da população portuguesa, “a esperança é a última a morrer”. Só espero que não morra de tédio.

Tempo
Falta de tempo

PS – Hoje sinto-me cinzenta. Por isso este post vai directamente para o “Clube dos Cinzentões”. O Sócrates acabou de me dar as boas-vindas! 🙂

 

 

Esqueletos no armário

Nestes últimos dias, esta deve ter sido a expressão mais ouvida nos meios de comunicação social: “Esqueletos no Armário”. 

O autor de tão célebre pérola foi o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, quando se pronunciou sobre o estado e a (falta) de transparência das contas públicas. 

E, por muito que queira ver pelas costas o nosso Sócrates (PM ainda em funções), tenho que concordar com o que defende o PS: esta não é a altura para “esquadrinhar” os tostões do país. Melhor, não é a altura para o fazer, pelo menos publicamente e utilizando os Media como pombo-correio. 

Resolvam lá as vossas contendas, mas longe dos holofotes. De outra forma, continuamos a passar uma péssima imagem do país num todo e nós, portugueses que aqui andamos e que até somos cumpridores e pouco temos a dizer na condução dos assuntos do Estado, não podemos ser postos no mesmo saco.

Admito que pouco percebo de política (e o que estou a dizer até pode ser uma barbaridade), mas acredito que a relação PS/PSD é podre. E, numa altura destas, de verdadeiro atrofio económico, financeiro e social, estes dois partidos deviam unir-se e trabalhar em conjunto, para o bem de todos e para a sanidade mental de muita gente.

Por isso, deixem-se lá de tretas e parem de se comportar como crianças birrentas e mimadas. Já não há paciência para vos ouvir! E quando assim acontece, algo vai mal no Portugal dos Pequeninos…

Esqueletos no armário

Ui, medo!!!